quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O NEASR

O NEASR teve início em meados de 2003, inicialmente denominado “Grupo de Estudos Sobre o Movimento Sindical Rural em Alagoas”, coordenado pelo Profº. Antonio Barbosa Lúcio, mestre em Sociologia pela UFPB. Professor da UNEAL então FUNESA desde 1994 quando foi aprovado em concurso público, tornou-se efetivo em 1997. A dissertação de mestrado desenvolvida voltou seus estudos para a temática sindical sobre as campanhas salariais dos canavieiros alagoanos, centrada na área canavieira do Estado com aproximadamente 50 sindicatos rurais. Concluímos este trabalho, levando em consideração que, apesar da forte tendência ao burocratismo, a ação sindical dos canavieiros alagoanos, teve o papel de publicizar as ações dos usineiros, até então inquestionáveis e tidos como benfeitores da sociedade alagoana, como o grupo capaz de arregimentar forças de trabalho num Estado historicamente desprovido de trabalho. Este trabalho demonstrou ainda que essa realidade estiva aquém do que se supunha e que as relações de trabalho existentes estavam sedimentadas no processo de exploração e de exclusão social, provocados especialmente pela modernização conservadora, apoiada pelo Estado brasileiro e alagoano, ao incentivar o uso de tecnologias e detrimento a melhorias nas condições de trabalho. Verificou-se que, no Estado de Alagoas, os direitos trabalhistas não eram levados em consideração nem pelo setor sucroalcooleiro nem pelo Estado que, mesmo estando na legislação, os direitos trabalhistas dos trabalhadores rurais não eram cumpridos nem pela classe patronal nem pelo órgão fiscalizador semelhantes aos urbanos. Verificou-se também que as entidades representativas dos trabalhadores CONTAG/FETAG-AL e STR’s ou por omissão ou por conivência com a classe patronal, mesmo após a Constituição Federal de 1988 e a constituição Estadual de 1991, que garantiram direitos semelhantes aos trabalhadores urbanos e rurais não souberam, não quiseram ou não puderam enfrentar a classe patronal.

Esta condição revelada nos sindicatos alagoanos notadamente na área canavieira, nos levou a desenvolver um trabalho que desvelasse a condição dos sindicatos dos trabalhadores rurais de Alagoas na região do agreste alagoano. Nosso intuito foi (é) estudar sindicatos rurais: organização sindical e participação política - estudo sobre a ação sindical dos trabalhadores rurais alagoanos nas décadas de 1980-1990, enquanto projeto de pesquisa a ser realizada com estudantes da Fundação Universidade Estadual de Alagoas (FUNESA).

Após estudos centrados no Movimento Sindical Rural em Alagoas, sentiu-se a necessidade de direcionamento na linha de Pesquisa inicial “Estado, Educação e Movimento Sociais Rurais” para Estudos Agrários, Movimento Sindical Rural e Educação no campo. Essa mudança foi possível a partir própria demanda envolvendo alunos da Instituição que objetivavam desenvolver trabalhos de pesquisa centrados em questões mais amplas do meio rural e, da necessidade do coordenador do curso em desenvolver pesquisas que ampliasse sua área de atuação, sem, entretanto, abandonar a temática central de estudos, voltada para o setor rural. A partir de 2005, foram realizados estudos, tanto de acompanhamento, aprofundamento com análises e reflexões sobre a questão agrária brasileira e, especialmente alagoana, como centrada no processo de desenvolvimento agrário, notadamente situado no campo de atuação do pequeno produtor e assalariados rurais.

Inicialmente a proposta a ser desenvolvida abrangia os sindicatos rurais do agreste alagoano, de acordo com a denominação geo-espacial do governo do estado de alagoas, correspondendo, correspondendo a 13 sindicatos: Arapiraca, Campo Grande, Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa, Craíbas, Coité do Nóia, Taquarana, Limoeiro de Anadia, Belém, Feira Grande, Olho D’Água Grande, Maribondo e Tanque D’Arca. Entretanto a realidade apresentada demonstrava a dificuldade de organização de uma equipe de pesquisadores tanto professores como alunos que estivessem dispostos a contribuir com a pesquisa. Esta realidade apontou para a necessidade de redimensionar o campo de atuação, voltando-se tanto para sindicatos do agreste como sindicatos da área canavieira alagoana, tendo o presente relatório a seguinte composição: os sindicatos de Girau do Ponciano, Coité do Nóia, Junqueiro, Campo Grande, Feira Grande, Taquarana e Arapiraca. Esse redimensionamento foi necessário, também pelo fato de que os alunos-bolsistas eram, até 2006 todos voluntários e, apenas em 2007, foi selecionado aluno-bolsita do Departamento de História-Campus I da UNEAL. Esta situação dificultou trabalhos de campo, tendo em vista que os envolvidos trabalhadores, inclusive tendo dificuldades de tempo suficiente para aprofundamento teórico sobre a realidade agrária brasileira e especificamente sobre estudos voltados para o movimento sindical rural. Além disso, como pioneiros em Alagoas em estudos sindicais rurais, esta pesquisa teve que construir passo a passo o referencial técnico de suporte a pesquisa, e utilizar apenas referencial teórico de outros Estados, tendo em vista que em Alagoas até então existiam duas pesquisas que tratavam da análise sindical, notadamente na área canavieira, numa realidade diferenciada quanto a organização sindical do agreste. Tivemos, também, dificuldades quanto a participação de alguns dirigentes sindicais que não vinham com “bons olhos” pesquisas nos sindicatos, dificultando acesso a documentação pertinente ou mesmo a realização de entrevistas. Apesar das dificuldades acima elencadas, as pesquisas foram realizadas a contento, configurando na realização do presente relatório.

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